Cochá News 26/03/10

 

 

 

A magnitude da obra da ponte da BR-319 sobre o Rio Madeira, no bairro da Balsa em Porto Velho, não pode ser descrita apenas como uma mera ação governamental, para mostrar serviço, visando ligar as duas cabeceiras da rodovia federal, seccionada pelo gigante Madeira.

 

Ela é infinitamente maior. Representa um resgate, uma espécie de redescoberta do homem neste canto do Brasil, visto que, praticamente por toda sua extensão, há alguém, um produtor rural trabalhando e ocupando o espaço, como se ali estivesse com o compromisso de um guardião que vigia e protege com sua própria vida este lado abandonado (até agora) do território nacional.

 

Deixando de lado questões como soberania e cidadania, ela continua infinitamente maior, porque por meio dela o Brasil ganhará dimensão nova, se estenderá. Abrirá uma nova fronteira para seu desenvolvimento, gerando riquezas e empregos, fomentando a fixação do homem à terra. E por fim o Brasil diminuirá distâncias e incrementará o comércio exterior com este novo corredor, o que vai colaborar positivamente com o fiel da Balança Comercial.

 

Ela é infinitamente maior porque, nunca mais, na história da BR-319, nenhum cidadão mais vai morrer à míngua do outro lado da margem do Rio Madeira esperando por um serviço de balsa inconstante, que atende sempre parcialmente as necessidades da população. E o principal responsável por tudo isso, claro, é o Governo Federal, infiltrado que está e gerido que é por pessoas despreparadas que não tem noção do tamanho de sua responsabilidade, e que por isso tornou muito árdua a luta do engenheiro Miguel de Souza, que competentemente preparou todo do procedimento para sua licitação e execução. Agora já sabemos quem vai construir nossa ponte (ENSA – M. Martins), o quanto ela vai custar (perto de R$ 210 milhões), e que ela estará pronta em 2012.

 

Impossível não registrar a luta decisiva que os produtores rurais de toda a região da BR-319, liderados por Salvador Sebastião Fagundes (Gaúcho), presidente da Associação dos Produtores e Comunidades da BR-319 e Alto Mucuim (APROCOM), empreenderam para a consolidação desse projeto – construção da ponte -, que movimentou gente no campo, no Congresso Nacional em Brasília, e principalmente junto ao único segmento que era contrário a obra da ponte – dois empresários que sequer merecem ser citados, visto que, inescrupulosos que são, colocaram seus interesses acima dos interesses da nação.

 

A APROCOM congrega produtores rurais dos municípios de Canutama e Humaitá (AM) e de Porto Velho (RO), além das comunidades dos pequenos núcleos urbanos que se formaram na região. E foi a partir das reuniões com esses trabalhadores que nasceu o sentimento de cidadania, marcado naquele momento, principalmente, pela ausência do Poder Público na região.

 

A dificuldade básica sempre foi convencer e sensibilizar algum Governo (RO ou AM), visto que como é uma área limítrofe, nenhum deles (estados) demonstrou interesse em socorrer aquelas comunidades e os produtores. E por isso, liderados por Gaúcho, Plínio Cella e José Pereira Dantas (membros da diretoria da entidade, os produtores da região ameaçaram e chegaram a fechar a BR-319 para exigir, inicialmente, os benefícios do Luz para Todos. Hoje o projeto está implantado e em breve será ampliado.

 

Naquele mesmo momento em que fechavam a rodovia federal exigindo a atenção do Governo Federal – já que não se podia contar com os governos estaduais -, nascia outro desejo nos produtores da BR-319: - era preciso empreender uma nova luta, ainda maior, para sensibilizar o Governo Federal da importância da construção ponte sobre o Rio Madeira.

 

Foi uma luta injusta, semelhante a de Davi e Golias. De um lado os produtores rurais da BR-319, e de outro os donos de balsas e os que deles recebia (fortunas) para (melar) atrapalhar qualquer ação que se contrapusesse aos interesses dessa gente. Teve empresário cara e pau, e gente que até já chefiou o Executivo deste Estado defendendo a idéia de mudar o local de construção da ponte, tudo para protelar a execução da obra, claro, para que tudo continuasse como estava. Uma atitude covarde e vergonhosa dessa gente, que, do alto, nem digo de sua responsabilidade como agente público, mas de sua condição de empreendedor que deveria ser sensível, moderno, ter uma visão macro do desenvolvimento regional, e que fosse capaz de pensar no País, no Estado, mas que viu apenas o próprio umbigo. E tudo isso por algum dinheiro, ou para ser amigo, sócio dos balseiros, ou ainda, para merecer deles a confiança capaz de torná-los deputados em Rondônia.

 
Mas o tiro saiu pela culatra, e a APROCOM viu o Governo Federal, por meio de seus ministros Alfredo Nascimento (Transportes) e Dilma Roussef (Casa Civil), dos engenheiros Luiz Antonio Pagot e Miguel de Souza, diretor Geral e Técnico do DNIT, respectivamente, assinarem a ordem de serviço para o início das obras de nossa ponte, já nesta segunda-feira (29). “Foi uma vitória do povo, de todos nós que lutamos e sonhamos tanto com essa obra”, disse Gaúcho em desabafo, demonstrando o sentimento de que a luta valeu a pena.

 

 

 

A ponte sobre o Rio Madeira não é tudo. A obra da própria rodovia federal, que vai ligar Porto Velho (RO) a Manaus (AM), é o exemplo de um esforço direto do Presidente Lula, que deseja transformá-la numa estrada parque, dando um exemplo para o mundo, de como se conjuga as questões relacionadas ao meio ambiente, o desenvolvimento e o interesse de cerca de 30 mil brasileiros que vivem e trabalham na região da BR-319.

 

O esforço especial para construção desta rodovia pode ter sido do presidente Lula. Mas cá, todos, lutamos e sonhamos muito com ela, mas é preciso reconhecer o esforço direto do ministro do Transportes, o amazonense Alfredo Nascimento, o empenho, a inteligência e a coragem de Miguel de Souza, diretor técnico do DNIT, que, como técnico foi exemplar na elaboração, montagem e gerência dos projetos e procedimentos legais, e como político, soube ser mineiro (mas ele é um grande paraibano da linda Cubati), e venceu, etapa por etapa, os lobos e raposas que tentaram engoli-lo.