Quinta-feira, 2 de novembro de 2017 - 20h28
A IMPONTUALIDADE NÃO É PONTUAL
William Haverly Martins
É difícil para nosotros, cronista das absurdidades político-administrativas do país, voltar os olhos para acontecimentos locais quando temos tantas outros relevantes para comentar:
A cinemateca em presídio do Rio de Janeiro;
O ministro Gilmar Macunaíma, impedindo que o corrupto Cabral seja transferido para um presídio federal de segurança máxima;
O mesmo dito cujo capa preta batendo boca com seu coleta Barroso, expondo ao ridículo a Corte Maior da Justiça brasileira.
É realmente difícil falar de outros assuntos quando temos a comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante, belo movimento de resgate da moral cristã no início da era moderna; hoje, os luteranos brasileiros se dizem preocupados com o quadro de decadência moral da nação brasileira, cobrando o fim da corrupção dos nossos políticos, para que uma nova nação, decente e justa, ressurja das suas próprias entranhas.
No entanto, pedimos vênia ao nossos leitores para tratarmos de um assunto que passa despercebido pela maioria: a falta de pontualidade de nossos políticos no cumprimento de suas agendas — aliás, os brasileiros em geral têm dificuldade em ser pontuais. A palavra “pontual” virou moda nos discursos, mas com um novo conceito, advindo da dinamicidade da língua, agora ela significa, também, “fato isolado”. Levando em conta a ampliação semântica de “pontual”, podemos dizer que a impontualidade dos brasileiros não é pontual.
A má fama não é infundada. O saudoso comediante Chico Anísio costumava dizer que os brasileiros, quando vão ao Velho Continente ou aos EUA, sempre perdem o início dos espetáculos porque estão culturalmente acostumados a chegar atrasados.
Já passou da hora de entendermos que essa postura descomprometida com a rigidez nos horários não é positiva, nem na vida pessoal, nem nos negócios e muito menos na política, principalmente porque atravessamos uma crise comportamental com sérias agressões à ética − não fica bem a um político marcar um compromisso e chegar com uma hora de atraso ou mais.
Na última segunda-feira (30/10), o governador Confúcio Moura deixou convidados esperando por mais de uma hora, submetidos a um calor de mais de 40 graus, para a inauguração de uma Oca, estilo indígena, e do busto da cientista alemã Emilie Snethlage, no complexo turístico que envolve o Memorial Rondon, localizado no final da Estrada de Santo Antônio.
Por que Oca no estilo indígena, não seria uma redundância? Porque é coberta de palha, no formato de uma oca, mas com estrutura de ferro e radier de concreto, devido aos fortes ventos da região. Esqueceram de consultar os engenheiros indígenas. Aliás, nenhum índio foi convidado para a festa de aculturação da oca de ferro. Ou seja: houve homenagem, ainda que indireta, a esses povos da florestas sem que eles sequer tenham sido convidados.
Júlio Olivar e Daniel Pereira, respectivamente superintendente de turismo e vice-governador, cordiais e educados como sempre, não se cansavam de justificar o atraso do chefe maior do estado, em função de atropelos na agenda e compromissos de última hora. Nada justifica a falta de respeito de sua excelência para com as autoridades e o público que acolheram o convite, mesmo sabendo que era eleitoreiro.
O evento tinha tudo para ser coroado de sucesso, não fosse a insensatez do governador. Ser tratado com respeito é bom e todo mundo gosta. A grande maioria dos convidados chegou meia hora antes da hora marcada (l6,30), inclusive a incansável banda de tantas retretas, pertencente ao Exército, todavia a autoridade aguardada só chegou quando o cansaço e a revolta estavam estampados na fisionomia dos presentes. Haja paciência!
Muitos declaravam, à viva voz, a sua insatisfação. Outros, por educação, transpiravam sua revolta surda, molhando a camisa de suor, como foi o caso do nobre Reitor da Unir, Ari Ott. Revoltante ver o professor doutor Ari, face ruborizada, suando e com cara de poucos amigos, a ponto de um infarto.
Autoridades de vários segmentos, inclusive um deputado e um general, e tantos outros anônimos, mas eleitores (eleitores, governador!), foram pontuais, marcaram presença, contudo a estrela maior atrasou, não brilhou como devia, para a opinião pública, transformou-se numa cadente.
Tenho certeza que fatos como esse não são pontuais, fazem parte do estrelismo das autoridades, estão incorporados ao caráter, e estarão na memória dos cidadãos, no momento solitário e avaliativo do voto.
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