MERCADO ANTIGO

Mais uma página da história
foi rasgada
desta cidade
a quem eu quero bem.
E do velho mercado
destruído,
restou o pó e ferro
retorcido
exposto na amplidão.
Nosso velho mercado
virou pó
na lâmina possante do trator.
Resta apenas agora
uma saudade,
e na página da história
um rabisco de dor.
 
Dor que viverá
na saudade do Camacho,
do Zé Risada, Albertino,
Mário e do Girão.
Na cachacinha que cedo começava
na taberna do Resky e seu irmão.
Lá no boteco do Miguel Arcanjo
onde meu avô Apolinário
vendia à  freguesia
o arroz e o feijão.
 
Será dor na saudade do Oceano,
do Enéas, Capixaba,
dona Pucina, Raimundinho Barbeiro,
Tancredo e Davi Sá.
Do Francisco Tinoco, Chico Otero,
dona Maria Oceano
que já naquela época
gostava de falar.
 
História que virou estória
na saudade daqueles que partiram.
Joaquim Carvalho, Zé Curica,
no mercadinho do Arthur Camurça,
dona Mita, Chiquinha
e Antônio Amaral.
Jacinto Pimental, o velho Ramos
e as banquinhas de vender mingau.
 
Velho mercado do seu Pedro Gomes,
do Joaquim Português, Osmar,
Wilson Queiroz de vasto bigodão.
João Elias na porta principal
e seu Félix que a tudo comandava
na sua boa administração.
 
Ah! Como era bom
meu tempo de menino
no mercado de mil recordações.
Como você meu velho monumento
também dentro de mim já virou pó,
um monte de ilusões... 

Antônio Cândido da Silva (Escritor e poeta. Poesia do livro "Passarela de Emoções").

Fonte - Antônio Cândido da Silva
Membro da Academia de Letras de Rondônia
Membro da União Brasileira de Escritores – UBE – RO. 
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