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Gente de Opinião

Antônio Cândido

A RESPEITO DO NOME DO TEATRO



Em matéria anterior, intitulada QUE NOME SERÁ DADO AO TEATRO DA CIDADE, propusemos o nome do Padre Miguel Ângelo Carneiro Bastos para identificar a nossa futura casa de espetáculos.

A nossa proposta embora pareça ser contrária ao nome de Dona Labibe Bártolo, não é. Apenas entendo que contraria leis Federais e Estaduais, mas, o que realmente me levou a escrever a matéria, foi o fato de ver o apoio de um colunista ao nome de “Teatro Cassol” como forma de homenagear toda a família do governador, “pois ninguém incentivou mais a cultura do que ele,” segundo o colunista.

Com todo respeito devido ao governador, e até aplaudindo o que ele tem feito, eu vejo tudo isso, como a obrigação e o cuidado que todo Administrador eleito pelo povo deve ter com o povo que o elegeu.

Já com relação à Dona Labibe, eu espero que ela fique mais cem anos sem poder ser homenageada por esse motivo, porque tê-la conosco não tem preço e é superior a qualquer homenagem que possamos prestar a sua querida pessoa.

Como disse na matéria citada, existe uma Lei Estadual indicando o nome de Sérgio Valente para identificar o Teatro em questão, lei votada e aprovada, quando a construção do teatro era apenas um assunto em discussão.

Depois, convenhamos, Sérgio Valente, de rara inteligência e vasto conhecimento, foi um excelente colunista social, mas, a sua presença no mundo dos palcos, resume-se a modesta participação na peça teatral estudantil “O cidadão do Inferno”, na qual o autor destas linhas era o protagonista, e foi alvejado com um “tiro de verdade”, nos palcos do Instituto Maria Auxiliadora, porque faltou alguém para dizer-lhe “merda” antes da peça ser iniciada.

Esses fatos podem ser confirmados pelos amigos Viriato Moura, Silvio Gualberto, Vitor Sadek, Francisco Teixeira, Ray Charles (o autor do disparo), João Isídio (dono da arma), e muitos outros que me fogem à memória, isso aconteceu na noite de 7 de novembro do ano de 1963. A peça era dirigida pelo Padre Jaime, outro baluarte da história do teatro Karipuna.

Voltando ao assunto da “matéria anterior,” devo dizer que ela mereceu os seguintes comentários: 



De: josé valdir pereira
Data: 16/09/2009
Prefiro que o teatro receba o nome de "Teatro Céus de Rondônia" ou "Teatro Rondônia" ou "Teatro Terras de Rondonia" 




De: Silvio Santos
Data: 13/09/2009
Charles Chaplin que o Padre Miguel chamava de "Bigodinho". Já dona Labibe não pode. Vamos entrar na campanha em prol do nome do Pe. Miguel! òtima lembrança Antônio. 




De: Lucio Jorge Guzman
Data: 15/09/2009
Amigo Antonio Candido, essa questão legal de nome de logradouro público com relação a pessoas vivas é muito relativo vejamos porque: em sua cronica acima, cita o nome de Paulo Leal nome de uma rua de uma pessoa viva ainda (é o que me consta) tem o nome de Aparicio Carvalho pessoa viva, Jeronimo Santana pessoa viva e com certeza nome de mais alguns que não recordo agora. Ora e porque não o de Da. Labibe Bartolo que é uma centenária filha da região e com trabalho artistico específico para o Teatro, acho que devemos acabar com essa falsa legalidade e colocarmos o nome desta senhora que não foge de uma realidade nossa. O nome do Pe Miguel seria um bom nome também inclusive voce dizendo sobre suas declamações de Olavo Bilac e Casimiro lembrei do nosso amigo Teixeira com "As mãos de Euridice". Um abs Lucio Guzmán 




Com relação ao meu nobre confrade José Valdir Pereira, a sua opinião é particular e não interfere no assunto em questão, muito embora deva ser levada em consideração por quem vai decidir a escolha do nome do teatro, se isso vier a acontecer.

Silvio Santos concorda com o nome de Padre Miguel e promete se engajar na campanha, mas, até agora, não dedicou uma linha da sua coluna ao assunto.

E finalmente o meu amigo Lúcio Gusmán que defende até mesmo o atropelamento das leis, como vem sendo feito na santa terrinha, em favor de Dona Labibe, mas, rende-se, no final, ao nome de Padre Miguel, como acontece com qualquer pessoa que tenha conhecido o trabalho desse salesiano.

Chega a lembrar-se do nosso colega de juventude Francisco Teixeira, interpretando “As mãos de Eurídice”, monólogo criado por Pedro Bloch, em 1950, com mais de três mil apresentações de Rodolfo Mayer, outras tantas vezes pelo ator espanhol Enrique Guitart inúmeras apresentações no exterior, sem contar a magistral apresentação do nosso amigo Teixeira.

Padre Jaime, outro esquecido na história do Teatro de Rondônia, teve a audácia e competência de dirigir Francisco Teixeira, tanto pela exigência do monólogo como pelas qualidades do “ator iniciante” e, também, um punhado de jovens em “O cidadão do Inferno”, peça que tratava dos bastidores da Revolução Francesa.

Para fazer teatro naquela época, era preciso ser competente, louco e saber motivar a juventude, não só para participar da peça, mas, principalmente, para trabalhar duro na pintura dos painéis e na construção dos cenários. Era preciso realmente ser artista...

Na história do Teatro de Rondônia, depois do Padre Miguel e antes do Padre Jaime, passou pelo Colégio Dom Bosco um salesiano (padre) cujo nome eu não recordo. Lembro de uma peça teatral dirigida por ele que foi um sucesso de público tão grande que depois da estreia no Dom Bosco, a apresentação foi transferida para o Colégio Maria Auxiliadora para atender o grande público que prestigiou esse trabalho.

Agradeço a quem puder me ajudar com essa informação.

Eu fico imaginando a dificuldade encontrada pelos responsáveis pela primeira apresentação artística de Porto Velho (essa informação é para a história do teatro do meu amigo Chicão Santos) colida em “Achegas para a História de Porto Velho”, de Antônio Cantanhede, página 259. 




Vem a seguir o “CINE TEATRO PHENIX,” de propriedade de Amaro e Benjamin Rosas. Esse cinema funcionou no cruzamento da Rua da Palha, hoje Natanael de Albuquerque com o chamado Beco do Mijo, seguimento da Rua José de Alencar. Aí foi levado à cena, no dia 3 de maio de 1921 a primeira revista em dois atos e muitos quadros, NO PAIZ DO OURIÇO, em cujo desempenho trabalharam vários rapazes do meio social bem como senhorinhas das principais famílias da vila. 




O teatro em Porto Velho não pode ser contado a partir de 1978, com uma ligeira citação de Dona Labibe, no início do Século passado, como se tudo o que aconteceu antes da década de 70, não merecesse registro. Há muito a ser resgatado e cabe a mim, a você que está lendo e aos que vivenciaram aqueles acontecimentos, resgatá-los e registrá-los para o conhecimento das gerações futuras, do contrário, aí sim, seremos um povo sem história.

Por isso, pugno pelo nome de Padre Miguel para o Teatro da Capital e convoco a sua adesão para essa causa porque se dependermos das autoridades é possível que, a exemplo de “Mãe Esperança”, nome dado à Maternidade, pode ser dado, também, o de “Pai Albertino” para o Teatro porque da história Karipuna, nossas autoridades não entendem nada... 

Fonte: Antônio Cândido da Silva

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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