Porto Velho (RO) quinta-feira, 2 de maio de 2024
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Antônio Cândido

A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA


 
 
Antônio Cândido da Silva

Tenho acompanhado com interesse a discussão em torno da demolição do “Mercado do Cai N’água,” e do possível destino que será dado à caldeira ali instalada nas décadas 50/60 do Século passado.

A caldeira foi elevada à categoria de bem histórico e digna, portanto, de debate popular na imprensa local onde os mais estapafúrdios comentários estão sendo feitos em torno do assunto.

Silvio Santos tem razão quando diz que qualquer assunto referente à Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, gera discussão, o que não devia ser o caso, porque a caldeira e a cobertura do Mercado do Cai N’água nunca pertenceram à serraria instalada pelos americanos (após 1908), quando começou, também, a ser instalado todo o parque ferroviário.

Assim, não podemos dizer que os dormentes utilizados na construção da ferrovia foram serrados com ajuda dessa caldeira, porque dormentes são lavrados e não serrados e, no caso da Madeira-Mamoré, os quase 600.000 dormentes utilizados, vieram 350.000 da Austrália e o restante do Norte e Nordeste brasileiro. 

 

A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião


Observemos a foto da serraria dos americanos, feita por Dana Merrill para constatarmos que a serraria foi construída no sentido Leste/Oeste (veja-se o rio Madeira) enquanto a o mercado do Cai N’água como todos podem lembrar (já que foi demolido há apenas 15 dias) foi feito no sentido Norte/Sul, embora o sentido da caldeira tenha seguido o mesmo das caldeiras da serraria americana.

Vendo mais atentamente, em close, as caldeiras em questão, chegamos à conclusão de que são completamente diferentes pois enquanto as americanas possuem formas arredondadas, a mais recente foi construída com linhas retas e cantos arredondados.

Não há como dizer que se trata do mesmo maquinário. 

A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião


Diz a reportagem do site Rondônia ao Vivo que a caldeira é de fabricação Alemã, o que nos leva a seguinte pergunta:
Porque os americanos importariam uma caldeira alemã se eles produziam, dominavam a técnica, fabricavam e exportavam tais equipamentos?

Isto posto, convém esclarecer que o “Mercado do Cai N’água” realmente abrigou uma serraria, que nunca foi “serraria das 11” como quer o Senhor Valmir Queiroz e nem “Serraria Santo Antônio” como quer o meu preclaro amigo Silvio Santos.

O galpão, a serraria e tudo o que nela existia, foi construído pelo governo do Território Federal do Guaporé, como disse, entre os anos 50/60 do Século passado, anterior ao governo de Petrônio Barcelos, com o nome de “SERRARIA TIRADENSTES.”

A serraria Santo Antônio, existiu na BR–364, logo depois do Trevo do Roque, sentido Rio Branco de propriedade do senhor Emil Gorayeb, cujo galpão ainda está lá e pode ser visto por quem quiser.

Para garantir o que afirmamos, anexamos o Decreto nº 462, de 10 de junho de 1966 que, por si só, diz tudo. Afinal de contas ninguém transfere, a quem quer que seja, aquilo que não lhe pertence. 

A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião


Assim sendo, chegamos à conclusão de que não é correto vincular o galpão e a caldeira que faziam parte da Serraria Tiradentes à história da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. No entanto, se pudermos preservar a caldeira como parte da história do Território Federal do Guaporé e de Rondônia, aí sim, a briga tem razão de ser. Não nos esqueçamos, porém, de aprofundar as pesquisas (o que não cheguei a fazer) para que a história seja contada de maneira correta e com riqueza de detalhes... 

Veja fotos do Galpão/Arquivo do Gentedeopinião
A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião
A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião
A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião
A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião
A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião
A CALDEIRA DO MERCADO DO CAI N’ÁGUA - Gente de Opinião


Fonte: Antônio Cândido da Silva(*)  -  [email protected]  
www.gentedeopiniao.com.br  -  www.opiniaotv.com.br - http://twitter.com/opiniaotv
http://www.gentedeopiniao.com.br/energiameioambiente/

*Membro da Academia de Letras de Rondônia Membro da União Brasileira de Escritores – UBE – RO. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 2 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

ASSASSINOS DA NOSSA HISTÓRIA - A ORIGEM

ASSASSINOS DA NOSSA HISTÓRIA - A ORIGEM

Estou escrevendo o meu sexto romance entre os meus treze livros já escritos e, “Nas terras do Até que Enfim,” retrata a ocupação do antigo Território,

NA NOITE DE NATAL

NA NOITE DE NATAL

          Antônio Cândido da Silva. Na minha infância de menino pobre deixava meus pedidos na janela que eram feitos pra Papai Noel durante minhas noi

PORTO VELHO — SETENTA ANOS DE CUMPLICIDADES

PORTO VELHO — SETENTA ANOS DE CUMPLICIDADES

  Antônio Cândido da Silva   Estou a caminho de completar setenta anos que cheguei a Porto Velho, no distante ano de 1945. Vinha do Seringal Boa Hora,

CANHOTOS UNIDOS, JAMAIS SERÃO VENCIDOS!

CANHOTOS UNIDOS, JAMAIS SERÃO VENCIDOS!

          Antônio Cândido da Silva           Como estamos em tempos de igualdades, de reivindicações das minorias, de indenizações pelo que os nossos

Gente de Opinião Quinta-feira, 2 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)