Sábado, 22 de junho de 2013 - 05h03
William Haverly Martins
Em tempos de Copa das Confederações e véspera de Copa do Mundo, usar a máxima do futebol para iniciar este texto serve de alerta pela expectativa de mudança nas regras do jogo no Ipam (Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Município de Porto Velho), o que desandaria a assistência médica fornecida aos servidores: ao longo dos anos, o leque de garantias à saúde e a vida do segurado, fornecido pelo Ipam, vem sendo motivo de orgulho para o funcionário público municipal.
Na surdina dos gabinetes, gente despreparada e mal intencionada está tramando a construção de um hospital municipal para atendimento aos contribuintes do Ipam, isto significa dizer, que o hospital a ser construído será o único local de atendimento aos servidores do município.
Hospital público, em Porto Velho, nunca funcionou, não funciona a contento, basta ver o que acontece com a Maternidade Municipal e com as UPA’s: gente amontoada como bicho, sendo atendida por profissionais emergenciais despreparados, isto quando é atendida. Na maioria das vezes, as pessoas retornam às suas casas sem atendimento.
Se o atendimento feito por profissionais capacitados em hospitais privados de reconhecido conforto, credenciados pelo Ipam, de vez em quando, recebe críticas dos segurados, imaginem como ficará se transferirem o atendimento para uma única unidade hospitalar, administrada pela Prefeitura, ou pela diretoria do instituto: não precisamos de carta de profeta, ou diploma de guru para divisarmos o futuro óbvio: um desastre.
E não me venham com argumentos sobre os custos, ou o rombo do Ipam: se as contas estão no vermelho, a culpa é da administração política dada ao órgão e da corrupção: critérios rigorosos na arrecadação, cobrança de velhas dívidas (como a da Câmara, por exemplo), pagamentos sobre rígido controle, além de severo aperto no cinto das despesas poderiam diminuir os problemas e, com o tempo, equilibrar as contas.
Não se resolve o problema da assistência médica municipal, desligando-se os aparelhos que dão sustentação à vida: retirar do funcionário o direito ao atendimento médico competente e decente, substituindo por outro sem condições técnicas operacionais é como administrar-lhe um remédio inócuo, um paliativo, ou uma droga qualquer que, em vez de minorar, o levaria ao sofrimento. Seria como condenar o funcionário que necessitasse de assistência médica à antessala da morte.
Não se brinca com a vida, o Ipam talvez seja uma das poucas entidades de Porto Velho digna de elogios, mas no mundo político a satisfação do funcionário não conta pontos: o prefeito, o secretário de saúde e o presidente do Ipam ainda não aprenderam com o povão, que não se mudam as regras de um jogo que está agradando; não se altera a tática, se o time está ganhando. Acabar com a Assistência Médica no Ipam, como ocorreu com o Iperon, seria uma lástima, mas piorar o atendimento para “salvar” a Instituição seria uma desgraça muito maior.
Estamos em época de protestos, do retorno dos caras pintadas, grita-se por melhores condições de saúde, educação e segurança:te cuida senhor administrador, os funcionários da prefeitura, com certeza, vão atazanar-lhe a vida, no momento em que souberem desta tentativa atabalhoada de mudanças no Ipam. Não forneça a fagulha que pode provocar um incêndio de proporções inimagináveis, destruindo a sua carreira política e levando a massa para as ruas de Porto Velho. Será que não bastam: greve na educação, enterro da Rua da Beira, viadutos sem solução, ruas esburacadas, seis meses de inércia?
[email protected]Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e graduou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e vice-presidente da Acler – Academia de Letras de Rondônia, onde ocupa a cadeira 31.
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