Porto Velho (RO) quinta-feira, 28 de março de 2024
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Amazônia Especial

Florestas na Amazônia pós-fogo demoram sete anos para recuperar funções

Pesquisa publicada em revista científica por equipe internacional reforça necessidade de área se regenerar depois de queimadas.


Florestas na Amazônia pós-fogo demoram sete anos para recuperar funções  - Gente de Opinião

Florestas da Amazônia degradadas pelo fogo recuperam sua capacidade de bombear água para a atmosfera e absorver carbono em sete anos. Mas o que se perdeu de carbono não volta mais. As boas e as más notícias fazem parte de um novo estudo científico publicado por pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Alemanha na revista "Global Change Biology".

Os cientistas analisaram dados de um experimento conduzido pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em uma fazenda em Mato Grosso. Nas áreas que passaram por queimadas controladas, as árvores grandes sobreviventes ao fogo sucumbiram rapidamente nos anos seguintes, porém mais fracas e vulneráveis a doenças e rajadas de vento, especialmente nas bordas da mata.

“Essas feridas na floresta podem deixar cicatrizes permanentes, com menos árvores e carbono”, explica o principal autor do artigo, o brasileiro Paulo Brando, do IPAM. Também nos anos seguintes a composição de espécies mudou, e gramíneas invadiram o local.

A partir do sétimo ano, os cientistas observaram uma mudança no quadro: aquela área retirava tanto carbono da atmosfera e jogava umidade no ar quanto antes do fogo. “Para se recuperar, as plantas trabalham muito rápido, tem muita fotossíntese, por isso tiram muito carbono do ar e transpiram bastante”, explica o pesquisador Michael Coe, do Instituto de Pesquisa de Woods Hole, nos Estados Unidos, um dos autores do estudo. “Mas perdemos o carbono que estava estocado nas árvores mais antigas.”

O resultado mostra a importância de deixar áreas queimadas na Amazônia se recuperarem, o que ajuda a estabilizar o clima local – na região do estudo, sudeste da Amazônia, a estação seca é duas semanas mais longa do que 30 anos atrás. “Poucos estudos documentaram a recuperação da floresta após distúrbios múltiplos, o que ajuda a prever as trajetórias das funções florestais no futuro”, diz a cientista Susan Trumbore, do Instituto Max Planck de Biogeoquímica, coautora da pesquisa.

Brando destaca que é preciso acompanhar as áreas queimadas por mais tempo, para saber se elas vão se recuperar totalmente ou se a vegetação será um híbrido de floresta com gramíneas – o que, por sua vez, deixa a área mais suscetível a novos incêndios.

No Brasil, o fogo é um instrumento usado corriqueiramente para limpar terrenos, antes com floresta, plantio ou mesmo pasto. Na Amazônia, o fogo ocorre naturalmente em determinada área a cada 500 anos, no mínimo. Porém, hoje algumas regiões queimam anualmente ou com poucos anos de diferença devido à ação humana.

O desmatamento e as queimadas são a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa no Brasil, o que intensifica as mudanças climáticas.

 

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 28 de março de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Semeando Sustentabilidade e demais projetos plantarão mudas de espécies ameaçadas em todo o Brasil

Semeando Sustentabilidade e demais projetos plantarão mudas de espécies ameaçadas em todo o Brasil

O projeto “Semeando Sustentabilidade”, em conjunto outros 17 projetos ambientais, plantarão mais de 3000 mudas em várias regiões do país no próximo di

Genoma do Pirarucu: Identificados genes ligados à diferenciação sexual em pirarucus

Genoma do Pirarucu: Identificados genes ligados à diferenciação sexual em pirarucus

Por meio de um projeto colaborativo, cientistas brasileiros e alemães sequenciaram e analisaram o genoma do pirarucu (Arapaima gigas), espécie amazôni

Amazônia: Ribeirinhos vão estudar história com vestígios arqueológicos das comunidades onde vivem

Amazônia: Ribeirinhos vão estudar história com vestígios arqueológicos das comunidades onde vivem

À primeira vista, os cacos espalhados pelos caminhos de terra da comunidade Boa Esperança não passam de amontoados de pedaços de tijolos soterrados. S

Tipiti, tecnologia indígena de uso secular na Amazônia, conheça este artefato

Tipiti, tecnologia indígena de uso secular na Amazônia, conheça este artefato

A mandioca é uma das fontes de alimento mais antigas cultivadas na América do Sul. Variedade comum na região amazônica, a mandioca brava (Manihot escu

Gente de Opinião Quinta-feira, 28 de março de 2024 | Porto Velho (RO)