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Amazônia Especial

Descoberta: Pesquisadores do Instituto Mamirauá descobrem características reprodutivas do peixe ciclídeo anão


Peixe ciclídeo anão (Apistogrammoides pucallpaensis), registrado pela primeira vez em águas da Amazônia brasileira - crédito Jonas Oliveira - Gente de Opinião
Peixe ciclídeo anão (Apistogrammoides pucallpaensis), registrado pela primeira vez em águas da Amazônia brasileira - crédito Jonas Oliveira
Espécie Apistogrammoides pucallpaensis foi registrada em habitat natural pela primeira vez no Brasil. Estudos realizados nos espécimes coletados apontaram informações até então desconhecidas sobre o peixe ornamental
Conhecidos pela beleza e agressividade entre seus pares, os peixes Apistogrammoides pucallpaensis são de grande interesse para os aficionados pelo aquarismo. O ciclídeo anão, como é chamado popularmente, tinha distribuição restrita a dois países sul-americanos: Colômbia e Peru. Além da realização do primeiro registro da espécie em habitat natural no Brasil, pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá revelaram em novo estudo características reprodutivas do peixe.

A descoberta do ciclídeo anão no Brasil aconteceu no estado do Amazonas, região do Auati-Paraná, no interior da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Os especialistas faziam um levantamento de fauna de peixes no local quando coletaram 1.047 espécimes do peixe Apistogrammoides pucallpaensis.
 
“Nesse estudo, (a espécie) A. pucallpaensis foi encontrada em dois ambientes sendo eles:  vegetação aquática flutuante e folhiço”, relatam Jomara Cavalcante, Jonas de Oliveira e Danielle Pedrociane, equipe do Instituto Mamirauá que fez o registro. Para coletar os peixes, “nas vegetações aquáticas flutuantes foram utilizadas rede de cerco (redinha) e nas margens do canal (região litoral) foram utilizados rapichés (rede) ”.

Em laboratório, os pesquisadores levantaram informações inéditas sobre a espécie.  "O número elevado de espécimes possibilitou que a gente analisasse o tipo de desova e a fecundidade, informações inexistentes. Só havia dados sobre localização, mas nada sobre a parte da biologia reprodutiva", conta Jomara. 

Foi determinada uma média de fecundidade de 87.7 ovócitos por fêmea, considerado um bom número por ser de uma espécie de pequeno porte. Com a análise do tamanho dos ovócitos, foi possível definir o tipo de desova. Desova é o momento em que os peixes liberam na água os óvulos e espermatozoides para reprodução. "É uma espécie que desova do tipo total, ou seja, uma vez em cada período reprodutivo", explica a pesquisadora.

Para que, no futuro, a espécie possa ser reproduzida em aquários e comercializada como peixe ornamental no país, novas pesquisas devem ser realizadas. "Precisa ser feito um estudo de dinâmica populacional e um estudo de reprodução mais aprofundado”, diz.
 
A pesquisa First record of Apistogrammoides pucallpaensis Meinken, 1965 (Perciformes, Cichlidae) for Brazil, in addition to fecundity information (Primeiro registro do Apistogrammoides pucallpaensis Meinken, 1965 (Perciformes, Cichlidae) no Brasil, além de informações sobre fecundidade) é do Grupo de Pesquisa Biologia e Ecologia de Peixes do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Conheça o ciclídeo anão

Pequenos e coloridos, o Apistogrammoides pucallpaensis está entre as espécies que fazem parte da família dos ciclídeos: pelo tamanho diminuto, são conhecidos como ciclídeos anões. São peixes com o corpo comprido lateralmente e se distinguem dos seus “parentes” por possuírem de 6 a 9 espinhos na nadadeira anal. Outra característica marcante da espécie é uma listra preta na lateral do corpo, que vai do olho até à cauda.

Para os pesquisadores, a presença desse novo registro de Apistogrammoides pucallpaensis no Brasil “sugere que a diversidade de peixes em lagos, embora relativamente alta, ainda é pouco investigada na bacia do rio Amazonas, o que nos instiga ao aprofundamento de pesquisas da diversidade íctica (de peixes) nos ecossistemas aquáticos da região”.

O peixe foi encontrado em dois ambientes,vegetação aquática flutuante e folhiço (foto) - crédito Jomara Oliveira
Para coletar os peixes, nas vegetações aquáticas flutuantes foram utilizadas rede de cerco (redinha) e nas margens do canal - crédito Amanda Lelis
Para que, no futuro, a espécie possa ser reproduzida em aquários e comercializada como peixe ornamental no Brasil, novas pesquisas devem ser realizadas - crédito Jonas Oliveira
Coleta de peixes feita pela equipe do Instituto Mamirauá - crédito Leonardo Lopes

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